terça-feira, 26 de outubro de 2010

Longa exposição - I


Essa é uma das antigas, mas foi a primeira bem sucedida usando essa técnica. A idéia aqui é capturar todo um movimento de longa duração, como o das estrelas, criando um rastro. 

Para a captura é usado um fenômeno em geral não desejado, que é o de borrar as a imagem... com a diferença que o borrão é controlado. Tá ficando estranho? Bom, comecemos com calma. Vamos falar do tempo de exposição e de alguns exemplos mais simples.

Aqui há uma explicação bem interessante do tempo de exposição, mas em resumo é possível controlar quanto tempo o elemento sensível (CCD, CMOS, filme... ou outra coisa que capture luz) fica exposto, podendo-se usar o ajuste desse parâmetro para congelar um instante ou permitir que mais luz atinja o elemento e melhore a exposição (que é a combinação do tempo de exposição com a abertura do obturador, que é um parâmetro para outro post).

Todas as semi e profissionais possuem o controle manual desse parâmetro, mas não são todas as câmeras point-and-shoot que possuem o recurso. Consulte seu manual.

Ficheiro:Slow speed03.jpg
Longo Tempo de exposição. Fonte: Fir0002/Flagstaffotos 

Ficheiro:High speed03.jpg
Curto tempo de exposição: Fonte: Fir0002/Flagstaffotos.

Como exemplo, duas imagens capturadas do mesmo assunto com tempos de exposição diferentes. Como são frações de numerador 1, é maior a que tiver o denominador menor. Veja que na direita foi feito o congelamento do movimento enquanto que na esquerda foi capturado um trecho do movimento. Inclusive, esse é o motivo pelo qual mesmo quando o motivo está "parado" as fotos saem tremidas algumas vezes: o grande tempo de exposição exigido em situações de baixa iluminação, por exemplo, faz com que os pequenos movimentos da mão acabem com os resultados. 


Fazendo suas fotos em longa exposição 

Dominando o assunto tempo de exposição, vamos para o próximo passo que é montar o setup para fazer fotografias em longa exposição. Como o desejado é que apenas alguns elementos da cena fiquem "borrados", é necessário garantir que o restante não fique e isso se consegue com um tripé. Há vários modelos no mercado, mas adianto que os flexíveis não são uma boa pedida: prefira os tripés rígidos pois o material do flexível executa movimentos muito lentos de acomodação da estrutura e pode arruinar o resultado final, dependo do tempo que durará sua exposição. 


A escolha de cena 

Agora vem a escolha da cena, que é o fator decisivo para o sucesso da fotografia. A regra básica é escolher uma cena, ou um movimento, onde exista um grande contraste entre o que está se movendo e o que fica estático na cena: o que se move deve ser mais claro que o fundo estático pois, por se mover, a cada instante o objeto sensibilizará uma região diferente do elemento sensível enquanto que as regiões estáticas sempre sensibilizarão as mesmas regiões durante a exposição. esse é o caso das estrelas da foto que inicia o post: a árvore e a casa ficaram sempre na mesma posição em relação à câmera enquanto que as estrelas se moveram em relação a ela (e também à Terra!).


Um efeito possível de se fazer é o chamado light-painting: basta que ela tenha o recurso de controlar o tempo de exposição manualmente. Mesmo em um ambiente bastante iluminado foi possível desenhar a letra M no ar com a ajuda de uma lanterna numa exposição de 4 segundos. Mas para fazê-la não é apenas o tempo de exposição que precisa ser ajustado. Como já citei antes, aumentar esse parâmetro significa que mais luz chegará ao elemento sensível, resultando em uma imagem super exposta se não forem ajustados também a sensibilidade (ISO ou ASA) e a abertura do diafragma. Esses dois parâmetros devem ser reduzidos para que se obtenha uma exposição correta. Em breve vou escrever um post sobre todos esses parâmetros básicos mas, como regra inicial, a medida de exposição da câmera deve exibir sempre um valor médio. Fazendo alguns testes rapidamente se chega a bons resultados. 

No Smashing Tips há um post com uma série somente com longas exposições. É de impressionar...
E no Flickr um grupo que trata apenas dessa técnica... também tem fotos fantásticas.
Dica: tanto para esse tipo de técnica como para outras é possível aprender com fotos que apreciamos de outros fotógrafos. Sites de compatilhamento de conteúdo, como o Flickr (o que uso para meu portifólio) permitem que você veja os parâmetros usados na fotografia, a chamada informação EXIF. Basta procurar nos menus laterais por informações da câmera usada e os parâmetros dela. Nos meus trabalhos, por exemplo, procure por um texto assim "Esta foto foi tirada em [data] usando uma [câmera].", clique no link para a câmera e você terá acesso aos parâmetros que usei na fotografia. 
Dica2: Mesmo que sua point-and-shot não tenha o recurso do controle manual do tempo de exposição, ainda é possível "brincar" com esta técnica. Algumas conseguem regular automaticamente o tempo para condições muito reduzidas de iluminação com tempos da ordem de alguns segundos. Tudo que é necessário fazer é criar a cena com uma iluminação bem baixa em relação ao objeto que se moverá, quanto mais escuro melhor. Pressionando o botão de disparo até o primeiro estágio, você verá no visor os parâmetros medidos e terá idéia de quanto tempo terá para registrar a cena. Após saber o valor pressione até o final e realize o movimento. Nem sempre dá certo, mas é possível com alguma "manha". 

E a foto do movimento das estrelas? 

Bom, até agora tudo foi questão de ter uma boa câmera, saber usá-la e ter um pouco de imaginação. A partir daqui é que entra a experiência do fotografo e uma pouco mais de equipamento. Sim, mais equipamento... e isso será assunto para um novo post: Longa Exposição - II



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Triplet Trio Band

Quem der uma olhada no meu portifólio no Flickr, verá facilmente que fotografar pessoas e sob condições controladas (leia-se: estúdio) não é algo que fiz muito.

Porém, de uma brincadeira numa dessas conversas de café no trabalho surgiu a oportunidade de tentar isso. Confesso que não é algo fácil, pois o trabalho ultrapassa a teoria que encontramos em livros, sites e outras fontes que explicam como usar as regras. Como diriam meus colegas: "não é trivial.

A principal dificuldade é comunicar ao "modelo" (que na verdade é um músico) o que é necessário que ele faça e fazer isso parecer muito natural. Por essa questão é que se pegam conversas como: "imagine que você está vendo algo que te faz feliz e mostre isso no seu rosto!", ou "A partir de agora você me odeia e faça para feia pra mim como se você fosse me bater!"...

A técnica inversa é tentar fazer a câmera "não participar" do evento... deixar as pessoas "esquecerem" dela... isso é especialmente interessante quando o interesse está nas ações. Em geral, fotografia de documentário usa essa técnica: imagine pessoas que nunca viram uma lâmpada se depararem com um câmera e todo o aparato que vem com ela?  Como tirar fotos naturais dessas pessoas numa situação dessas que não sejam da curiosidade ou medo do equipamento?

Num grau menor, todos nós nos sentimos incomodados de sermos observados quando não estamos acostumados a isso, pois é uma situação atípica. Isso tem vem da abstração de que observar algo significa interagir com esse "algo" e, no frigir dos ovos, o que se observa não é mais o algo mas sim um interação entre o observador e o observado.

No caso desse trabalho, usei as duas abordagens e acho que deu bem certo! Na primeira, foi criado todo um ambiente e tentado um clima para que fossem feitas as fotos: a posição do sofá, a posição do músicos, o tipo de iluminação... e ainda assim muitas capturas foram necessárias para um resultado satisfatório, porém essas foram no estilo bem próximo ao stock. No caso da segunda, as fotos foram feitas durante um ensaio musical já habitual: as coisas foram mais suaves e se assemelharam mais a uma cobertura do evento que um ensaio fotográfico pois ao longo do tempo a presença da câmera ficou esquecida.

De qualquer forma, as duas experiências foram muito interessantes.


O resultado pode ser acompanhado no meu portifólio no Flickr.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Born to be Wild



Gosto muito de efeitos em fotografia. É possível criar uma sensação diferente de apenas um registro, e esse é o caso desse efeito: o panning. A técnica é muito simples e é capaz dar a impressão de movimento como o desse casal nessa legítima custom da foto.

O segredo está em "acompanhar" o movimento do seu assunto usando velocidade de obturador relativamente baixas. Nesse caso usei 1/50 seg, mas poderia usar até 1/80 que ainda teria esse efeito. Velocidades menores que 1/60 ou 1/50 seg podem tornar o assunto pouco nítido também, pois manter a câmera estática ou em movimento contante passa a se tornar um problema.

Um dos blogs que sempre acompanho é o Dicas de Fotografia, lá a Cláudia Regina mostra um tutorial para fazer suas próprias fotos em panning. Qualquer câmera pode ser usada (mesma as mais simples), mas resultados bons vêm quando você pode ao menos controlar a velocidade do obturador e a abertura dele.

Se quiser fazer as suas é só seguir o que ela ensina. Boas Fotos!

Para quem quiser ver essa e outras fotos, acesse meu portifólio no Flickr.